Estrela do Moreirense está no top dos marcadores da Liga. Não gosta dos holofotes e a sua paixão era o boxe
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O Moreirense até pode estar na última posição da tabela classificativa, mas tem um dos melhores marcadores da I Liga. Dos 16 golos marcados pelo Moreirense, 10 saíram dos pés ou da cabeça do francês Nabil Ghilas. Se o talento no relvado e sobrenome não são desconhecidos para os portugueses [o irmão Kamel militou no V. Guimarães], o homem que veste a camisola 11 da equipa de Moreira de Cónegos ainda é um mistério para muitos por causa da timidez que o faz fugir das entrevistas. E certamente que ao vê-lo jogar ninguém diria que a paixão pelo futebol só nasceu há alguns meses.
Estávamos em Moreira de Cónegos no final do jogo com o Beira Mar, a primeira vitória em casa dos últimos meses, coroada por um bis de Ghilas. Na sala de imprensa esperava-se a figura do jogo, mas fomos informados de que o avançado não viria. «Ele não gosta de falar», informaram-nos. Voltamos a tentar e desta vez foi da boca do próprio jogador que ouvimos a recusa.
«Ele é assim, mas não é por mal. Não gosta de falar para os jornais. É da personalidade dele. É um miúdo reservado», explica-nos Romeu Magalhães, empresário e amigo de Nabil e da família Ghilas. É por miúdo que Romeu Magalhães trata o avançado do Moreirense durante toda a nossa conversa, não só porque Ghilas só tem 22 anos, mas também porque já o conhece «desde os 15 anos» e porque era já amigo de Kamel quando este jogava em Portugal.
E foi ele quem o ajudou na adaptação ao país quando finalmente a família o deixou vir para Portugal. «Eu queria trazê-lo, mas eles queriam que ele jogasse na Liga Francesa», explica. E Ghilas jogou no Cassis Carnoux até que a extinção do clube francês o pôs no caminho luso. Um negócio falhado no Freamunde levou Ghilas ao Moreirense, mas não se impôs de imediato na equipa de Jorge Casquilha e esteve emprestado ao Vizela.
«A adaptação não foi fácil. Ele é o mais novo, está muito agarrado à família, não falava a língua. Um dos irmãos está em Espanha, mas o resto da família está toda em França. Eu sou a única família que ele tem cá», conta Romeu Magalhães.
Em termos religiosos foi mais fácil. «Ghilas é muçulmano, mas não vai à mesquita. Tem só cuidado na alimentação, não come carne de porco e faz o Ramadão», explica, mas este ano pediu autorização à família para não jejuar por causa da prestação em campo.
Do boxe à paixão recente pelo futebol
Uma das marcas de Nabil Ghilas é a enorme capacidade física. Corre os 90 minutos pelo relvado aparentemente sem esforço e a explicação é simples. «Ele sempre gostou de desportos de contacto, adorava boxe e isso fá-lo gostar de trabalhar a vertente física. Além disso, ganhou rapidamente a disciplina para treinar bem e cuidar da alimentação», explica o empresário.
Ouvimos falar deste gosto pelo boxe na adolescência e estranhamos a referência ao futebol, mas a dúvida é esclarecida de imediato. «Quando ele veio para Portugal em 2010 ainda não tinha a paixão pelo futebol encarava-o como uma profissão. Esteve emprestado, o que não é fácil, e no ano passado, na II Liga, começou a apreciar mais. Até que nesta pré-época tudo mudou e agora sim já tem essa paixão pelo futebol».
Estranho? Até para o próprio jogador. «Ele sempre teve potencial, mas ao vê-lo jogar ninguém diria, nem ele, que em tão curto espaço de tempo ele estaria a fazer a época que tem feito, com 10 golos marcados».
Anti-estrelato
«Ele tem noção de que está a fazer uma excelente época, que tem ajudado a equipa, mas não se deslumbra. Só quer continuar a evoluir como até agora», explica Romeu Magalhães.
O «miúdo reservado» está «feliz no Moreirense e adora os colegas», garante o empresário. «Quando não está a treinar, passa os dias em casa a ver televisão, a jogar Playstation e agora até tem um bilhar onde joga com os companheiros de equipa». A adaptação a Portugal está feita, aos holofotes é que não.
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O Moreirense até pode estar na última posição da tabela classificativa, mas tem um dos melhores marcadores da I Liga. Dos 16 golos marcados pelo Moreirense, 10 saíram dos pés ou da cabeça do francês Nabil Ghilas. Se o talento no relvado e sobrenome não são desconhecidos para os portugueses [o irmão Kamel militou no V. Guimarães], o homem que veste a camisola 11 da equipa de Moreira de Cónegos ainda é um mistério para muitos por causa da timidez que o faz fugir das entrevistas. E certamente que ao vê-lo jogar ninguém diria que a paixão pelo futebol só nasceu há alguns meses.
Estávamos em Moreira de Cónegos no final do jogo com o Beira Mar, a primeira vitória em casa dos últimos meses, coroada por um bis de Ghilas. Na sala de imprensa esperava-se a figura do jogo, mas fomos informados de que o avançado não viria. «Ele não gosta de falar», informaram-nos. Voltamos a tentar e desta vez foi da boca do próprio jogador que ouvimos a recusa.
«Ele é assim, mas não é por mal. Não gosta de falar para os jornais. É da personalidade dele. É um miúdo reservado», explica-nos Romeu Magalhães, empresário e amigo de Nabil e da família Ghilas. É por miúdo que Romeu Magalhães trata o avançado do Moreirense durante toda a nossa conversa, não só porque Ghilas só tem 22 anos, mas também porque já o conhece «desde os 15 anos» e porque era já amigo de Kamel quando este jogava em Portugal.
E foi ele quem o ajudou na adaptação ao país quando finalmente a família o deixou vir para Portugal. «Eu queria trazê-lo, mas eles queriam que ele jogasse na Liga Francesa», explica. E Ghilas jogou no Cassis Carnoux até que a extinção do clube francês o pôs no caminho luso. Um negócio falhado no Freamunde levou Ghilas ao Moreirense, mas não se impôs de imediato na equipa de Jorge Casquilha e esteve emprestado ao Vizela.
«A adaptação não foi fácil. Ele é o mais novo, está muito agarrado à família, não falava a língua. Um dos irmãos está em Espanha, mas o resto da família está toda em França. Eu sou a única família que ele tem cá», conta Romeu Magalhães.
Em termos religiosos foi mais fácil. «Ghilas é muçulmano, mas não vai à mesquita. Tem só cuidado na alimentação, não come carne de porco e faz o Ramadão», explica, mas este ano pediu autorização à família para não jejuar por causa da prestação em campo.
Do boxe à paixão recente pelo futebol
Uma das marcas de Nabil Ghilas é a enorme capacidade física. Corre os 90 minutos pelo relvado aparentemente sem esforço e a explicação é simples. «Ele sempre gostou de desportos de contacto, adorava boxe e isso fá-lo gostar de trabalhar a vertente física. Além disso, ganhou rapidamente a disciplina para treinar bem e cuidar da alimentação», explica o empresário.
Ouvimos falar deste gosto pelo boxe na adolescência e estranhamos a referência ao futebol, mas a dúvida é esclarecida de imediato. «Quando ele veio para Portugal em 2010 ainda não tinha a paixão pelo futebol encarava-o como uma profissão. Esteve emprestado, o que não é fácil, e no ano passado, na II Liga, começou a apreciar mais. Até que nesta pré-época tudo mudou e agora sim já tem essa paixão pelo futebol».
Estranho? Até para o próprio jogador. «Ele sempre teve potencial, mas ao vê-lo jogar ninguém diria, nem ele, que em tão curto espaço de tempo ele estaria a fazer a época que tem feito, com 10 golos marcados».
Anti-estrelato
«Ele tem noção de que está a fazer uma excelente época, que tem ajudado a equipa, mas não se deslumbra. Só quer continuar a evoluir como até agora», explica Romeu Magalhães.
O «miúdo reservado» está «feliz no Moreirense e adora os colegas», garante o empresário. «Quando não está a treinar, passa os dias em casa a ver televisão, a jogar Playstation e agora até tem um bilhar onde joga com os companheiros de equipa». A adaptação a Portugal está feita, aos holofotes é que não.