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Os projetos não se mudam com um clique. O de Godinho Lopes, sou levado a pensar, nunca existiu. Estou convencido de que menos existirá agora.
Quando se candidatou à presidência do Sporting, e após a eleição em Março de 2011, Godinho Lopes (GL) trazia um projecto desportivo que passava pelas presenças de Luís Duque e Carlos Freitas, acreditando que sabiam o caminho do sucesso, e Domingos, o rosto para liderar a equipa.
Saíram muitos jogadores dando sequência à vassourada e ao cheque prometido por Duque e suportado por GL. Entraram 16 jogadores no início da época, mais três em Janeiro. Os resultados não apareceram, oito meses depois Domingos saiu.
Entrou Sá Pinto. O projecto continuava e os resultados sem aparecer. Apesar de tudo, segundo GL, tinha-se encontrado o treinador para o triénio.
O Sporting perde a final da Taça e Sá Pinto renova por mais uma época, com poderes reforçados. Mantendo o mesmo rumo desportivo, o plantel é reforçado com seis jogadores.
Sá Pinto sai à sexta jornada, com apenas duas vitórias em nove jogos.
Dois treinadores despedidos e 24 jogadores estrangeiros que entraram em 18 meses de mandato. GL demora na escolha do novo treinador e Oceano, interinamente, suporta os desaires.
O projeto nunca existiu
A 22 de Outubro os homens que GL escolheu para gerir o futebol são afastados. Duque e Freitas saem em silêncio. A 24 finalmente é anunciado Vercauteren. O futebol passa a ser liderado apenas pelo presidente. Em entrevista, promete redefinir a estratégia e o projecto. Segundo o próprio, andou durante 18 meses a conhecer o clube (??) e descobriu o seu ADN: a Formação.
A formação faz parte do ADN do clube e tem de chegar de maneira diferente ao futebol profissional, afirmou. Para isso escolhe um treinador e acerta com ele até ao final da época! Se ganhar tem direito a mais um ano. Que trabalho espera Vercauteren.
Entretanto o Sporting tem custos com pessoal na ordem dos 42 milhões de euros (23M em 08/09; 23M em 09/10; 29M em 10/11) e prejuízo de 46 milhões no ano 11/12.
Os projectos não se mudam com um estalar dos dedos nem se constroem com esta facilidade, ainda para mais com uma inversão desta natureza.
Isto leva-me a pensar que o projecto nunca existiu, era apenas esperar que a bola entrasse e as vitórias surgissem. E muito menos existirá agora.
O que é um projecto que aposta na formação?
É algo que se diz porque o projecto anterior falhou?
É algo que se diz porque não há mais nada para dizer?
É algo que se diz porque é preciso ganhar tempo e fica sempre bem dizer que a aposta é na formação?
É algo que se diz para afastar a contestação e esperar que a presença de Vercauteren altere o estado das coisas?
Ou é algo que deve ser pensado, estruturado e devidamente enquadrado quer em termos organizativos quer nos meios para a sua aplicação prática? Não conheço uma forma diferente desta última (mas se calhar há!), seja qual for a estratégia ou projecto.
Com mandato até 2014, como será a estratégia daqui para a frente?
Como vai ser posto em prática o novo projecto? Como será a inclusão de jovens da formação no plantel?
Depois de 25 jogadores estrangeiros contratados, a maioria com contratos longos, o que fazer? Rescindir com os que possa, vender os que consiga e manter os que interessam?
Numa altura de dificuldades, não tendo as receitas necessárias, reduzir custos é obrigatório. Mesmo depois de terem aumentado de 29 milhões em 10/11 para 42 milhões.
Tentar manter a competitividade incluindo jovens no plantel nunca é fácil. Serão muitos os desafios do presidente do Sporting Clube de Portugal, o novo homem forte do futebol.
P.S. Bom discurso de Vercauteren na apresentação, na antevisão e após o jogo. Sereno, objectivo e consciente do que veio encontrar. Não chega e ele sabe. Tem muito trabalho pela frente.